Wellcome

domingo, 8 de julho de 2007


"Um dia frio,/um bom lugar pra ler um livro,/
e o pensamento lá em você,/eu, sem você não vivo."
Djavan


Livro

O hoje mundialmente famoso escritor Paulo Coelho, começou como parceiro de Raul Seixas em diversas canções como "Gita", "eu nasci Há dez mil anos atras" dentre outras, e nelas já se percebia sua veia mística; desfeita a parceria, o mago partiu para a carreira de escritor e desde "o diário de um mago" vem emplacando sucessos editoriais, e recentemente foi até admitido na Academia Brasileira de Letras. Esse é um exemplo de que o mundo da música e o da literatura são muito próximos. O mundo da música já inspirou muitos livros e vice-versa. A lendária banda americana The Doors teve seu nome inspirado em um livro chamado "as portas da percepção", do escritor Aldo Huxley; Maria Betânia já lançou um disco com versos musicados de Fernando Pessoa; e o poeta Vinicius de Morais era letrista, parceiro de Tom Jobim, Toquinho e outros, jogando por terra a tese de algumas pessoas de que "letra de música é letra de música. Poesia é poesia.".
Raul Seixas era um auto-didata. Estudou filosofia e latim por conta própria, e embora tenha citado o personagem de Miguel de Cervantes na música "as minas do rei Salomão" ("veja quantos livros na estante:/Dom Quixote, o cavaleiro andante,/luta a vida inteira contra o rei"), escreveu assim na letra de "eu também vou reclamar" : "olho os livros na minha estante,/ nada dizem de importante./ servem só pra quem não sabe ler", mas é óbvio que era só mais uma letra debochada de Raulzito. Enfim, a música e a literatura são tão próximos que Caetano Veloso lançou um disco intitulado "livro", e como simultaneamente estava lançando um livro, pensou em batizar este de "disco", o que seria uma coisa bem "Caetanesca" ,mas isso acabou não acontecendo. Chico Buarque foi outro músico a enveredar-se pela literatura, com livros como "Estorvo" e "Budapeste", e tal como o músico, o escritor foi também muito elogiado pela crítica. O guitarrista Tony Belotto, dos Titãs, também escreveu um livro, que até virou filme: "Bellini e a esfinge", cujo personagem era um detetive que se amarrava em blues. E tal como nos livros, algumas músicas tem personagens e estórias com princípio, meio e fim, como "Eduardo e Mônica" e "faroeste caboclo" de Renato Russo, "construção" de Chico Buarque e "cidadão" de Zé Geraldo.
Mas, não poderia faltar a Bíblia, o maior dos best-sellers, que também inspirou alguns músicos, como o próprio Renato Russo, que na canção "monte castelo" citou trechos da primeira epístola de Paulo aos Coríntios, e a banda americana The White Stripes que batizou um de seus álbuns com o nome de "get behind me, satan", ou "pra trás de mim satanás" , frase esta retirada dos evangelhos, usada por Jesus para repreender Pedro; e a canção "40" de um dos primeiros álbuns do U2 era literalmente o salmo de número 40 das sagradas escrituras.
Então, o bom mesmo é fazer como na letra do Djavan, que eu citei na introdução do texto: arranjar um bom lugar pra ler um livro... mas com um rádio por perto, pra ouvir aquele som ao mesmo tempo. Não faz mal nenhum! É só Ter cuidado pra não misturar os personagens.

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