Wellcome

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Medo de Avião


“foi por medo de avião/que eu segurei pela primeira vez na sua mão”
Belchior em “medo de avião”


Aprendendo a voar
Deus não dá asa à cobra, e também não deu asas a o homem. O que não o impede de desejar voar, desejo esse antigo, como retrata a mitologia grega na estória de Dédalo e Ícaro. E se não conseguiu voar por si próprio, o homem partiu em busca de mecanismos que o alçasse em vôos. Leonardo da Vinci, em sua porção inventor, criou alguns desses mecanismos na tentativa de fazer o homem voar. Mas, o mérito ficou mesmo com Santos Dumont e/ou os irmãos Wright, que foram os primeiros a alcançar vôos, digamos assim, mais duradouros. Mas a invenção deles acabou resultando em vôos comerciais, no transporte coletivo de pessoas, e também em máquinas de guerra, e não no sonho romântico do vôo individual. Esse tipo de vôo ficou por conta de asas-deltas, ultraleves e pára-pentes.
O mundo da música é cheio de referências a aviões e vôos, como o trecho romântico da canção de Belchior que eu citei na introdução. Tem também o famoso “samba do avião”, de Tom Jobim. Nessa música, a fonte de inspiração foi quanto numa chegada ao rio por via aérea, ele contemplou de cima toda a beleza da cidade maravilhosa. As bandas Pink Floyd e Foo Fighters têm músicas homônimas: “learning to fly” (aprendendo a voar), e o Red Hot Chilli Peppers declararam que “music is my aeroplane”, exaltando a capacidade que a música tem de nos fazer voar nas asas da imaginação. Isso sem falar nas bandas que têm nome de avião, como a brasileira 14 Bis, egressa do famoso “Clube da Esquina” nas Minas Gerais, e que fazia uma mistura de rock progressivo com MPB; O B 52’s é outra banda com nome de avião, esse, um modelo militar muito usado pelos EUA desde a década de 50. Sem falar no U2, que teve o seu nome inspirado em um avião americano que invadiu o espaço aéreo russo em plena guerra fria, causando um incidente diplomático que ameaçou o futuro do planeta. E não podemos esquecer-nos do Barão Vermelho, nome inspirado em um piloto alemão de nome Manfred Von Richthofen, que morreu em combate na primeira guerra mundial, e que tinha esse apelido; Barão Vermelho também é um personagem do desenho animado “Corrida Maluca” que pilota uma “máquina” vermelha parecida com um avião de guerra antigo.
Mas, o lado triste de voar são as quedas, e os desastres aéreos. Isso nos faz lembrar o desastre que vitimou a banda Mamonas Assassinas que estava no auge do sucesso com o seu primeiro álbum lançado; e também no acidente aéreo que matou os cantores Ritchie Valens, autor da famosa canção “La bamba”, e o roqueiro Buddy Holly no dia 3 de fevereiro de 1959, que ficou conhecido como “o dia em que a música morreu”. Fazer o quê, né? Os riscos fazem parte da perigosa arte do vôo. E já foi dito que mais valem as dores das cicatrizes provocadas pela queda, do que a tristeza de nunca ter podido voar. E como disse Machado de Assis: “é melhor cair das nuvens do que do terceiro andar”.
E para aqueles que, como eu, têm medo de altura, a solução é voar só na imaginação, como na canção de Lupicínio Rodrigues: “... o pensamento parece uma coisa à toa/mas como é que a gente voa/quando começa a pensar!”. Ou como na canção “infinita highway” dos Engenheiros do Havaí, ficar “com a cabeça nas nuvens e os pés no chão”. Vale citar um trecho de “learning to fly” do Pink Floyd, que eu citei aí em cima: “não há sensação para comparar com essa/animação suspensa, um estado de benção/não posso tirar minha mente do céu circundante/língua presa e enrolada/só um desajustado e preso a terra, eu.”
Agora, caso você não tenha medo, é só fazer como na canção “o sonho de Ícaro”, de Guilherme Arantes e... “voar, voar... subir, subir...”

Nenhum comentário: