Wellcome

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Splish Splash!


“Você tem exatamente/três mil horas pra parar de me beijar”
Cazuza em “por que que a gente é assim”

Beijar é muito bom! Não é à toa que o Cazuza queria ficar três mil horas beijando, o que sem dúvida seria o recorde mundial e entraria para o Guiness Book. E foi ele mesmo quem cantou em “todo amor que houver nessa vida: “Eu quero a sorte de um amor tranqüilo,/com sabor de fruta mordida,/nós na batida, no embalo da rede,/matando a sede na saliva...” e haja saliva! E a sede nunca é saciada, pois quanto mais se beija, mais vontade se tem de beijar. Mas, Cazuza também tinha os seus momentos de solidão e lábios secos, como cantou nos versos da canção “o tempo não pára”: “... cansado de correr na direção contrária/sem pódios de chegada ou beijos de namorada,/ eu sou mais um cara...”.
“Aquele beijo que eu te dei/ nunca, nunca mais esquecerei...” cantou o rei Roberto Carlos, mas não se sabe se esse tal beijo inesquecível foi o mesmo da canção “splish splash”, na qual ele “rouba” um beijo dentro de um cinema. Aliás, dentro de cinemas não são comuns esses beijos “onomatopéicos”, sendo preferidos os beijos mais silenciosos e “calientes”. Mas na canção do rei, o mesmo “splish splash” reflete o tapa que ele levou após o beijo roubado, o que talvez tenha também contribuído para que o beijo fosse inesquecível.
Mas, o beijo é retratado de outras formas em várias canções: Rita Lee cantou o beijo sombrio em “doce vampiro”:
“venha me beijar,/ meu doce vampiro,/na luz do luar...” beijo de vampiro remete a um beijo selvagem, misturado com mordida, o que nos faz voltar a canção do Cazuza lá da introdução que tem um verso que diz assim: “canibais de nós mesmos/ antes que a terra nos coma...” fazendo imaginar os amantes devorando a língua um do outro. Alceu Valença cantou o beijo tropical em “morena tropicana”: “... beijo travoso de umbu, cajá./ pele macia, ai carne de caju/ saliva doce, doce mel, mel de uruçu...”. Elvis Presley pediu: “kiss me quick”, “beije-me rápido, enquanto ainda temos esse sentimento.”, enquanto o Red Hot Chilli Peppers cantou o beijo lascivo em “suck my kiss”(chupe meu beijo). E na música “kiss” o baixinho Prince cantou: “você não precisa ser rica pra ser minha garota/ você não precisa ser boa pra governar meu mundo//... eu quero apenas seu tempo extra e seu... beijo”.

No Brasil teve até uma banda de Axé chamada Banda Beijo, e lá nos “States” tem o famoso grupo de rock mascarado, o KISS, sendo que para alguns religiosos, esse “KISS” não tem nada de “beijo”, mas seria uma sigla para Knights In Satan Service, ou “cavaleiros à serviço de satanás”.
E pra finalizar, uma canção do Barão Vermelho, da fase pós Cazuza, que retrata o beijo depois que a paixão acaba. A música se chama “beijos de arame farpado” e, pelo menos o título foi copiado de uma canção da banda inglesa Jesus and Mary Chain (barbed wire kisses). Mas a letra é muito legal, e diz assim:
“naqueles dias, todo dia eu renascia
na pele dos teus lábios.
E trazia comigo uma oração,
Porque naqueles dias
Eu te amava demais.
Eram dias de pura luz
Refletida nos metais,
E pelos nossos beijos,
Caravelas de línguas passeavam
Em delírios fluviais.
Amor à luz de velas,
Mensagens na garrafa perdida,
Vindas na saliva de outros carnavais.
Mas hoje em dia, meu amor,
Nossos beijos têm sabor enferrujado,
E nos machucam a boca
Feito arame farpado...”

domingo, 7 de outubro de 2007

Isso é que é!


“faltava abandonar a velha escola,/tomar o mundo feito Coca-Cola...”
Lulu Santos em “o último romântico”



Houve uma época em que a briga da Coca-Cola era com a Pepsi. “Briga” no bom sentido. Na busca pela preferência do consumidor, na disputa pela maior fatia do mercado, na luta para vencer a concorrência na base da propaganda e do marketing. Daí apareceram os chamados “mendigões”, aqueles refrigerantes mais baratos que ficaram com uma boa fatia de consumidores com menor poder aquisitivo. Houve até um “barraco” entre a Coca-Cola e uma dessas novas marcas de refrigerantes, a Dolly. Acusações de um lado e de outro, e eu me lembro até que a Dolly espalhou alguns outdoors pela cidade com os dizeres: “confirmado. A Coca-Cola utiliza folhas de coca.”.
Ora, se eu bem me lembro, nas tampinhas das embalagens mais antigas da Coca, vinha escrito na descrição dos ingredientes: “refrigerante à base de extrato de coca e noz de cola”, o que depois foi mudado para: “extratos vegetais e cafeína”. Ou seja, o pessoal da Dolly “descobriu a América”.
Mas, com ou sem extrato de coca, o fato é que a Coca (Cola) vicia. Não é à toa que ela é uma das marcas mais famosas do mundo, um dos produtos mais consumidos do planeta. Salvador Dalí e Andy Wahrol retrataram a famosa garrafinha em sua arte. E ela já apareceu também na letra de várias canções, afinal, a Coca (cola) é pop. Além da de Lulu Santos que foi citada na introdução,
podemos citar “alegria alegria” do Caetano: “eu tomo uma Coca-Cola,/ ela pensa em casamento/ e uma canção me consola...”; Jackie Tequilla, do Skank: “Jackie Tequilla, Coca-Cola e água/ égua, língua, míngua minha mágoa.”. Na música “chocolate” o Tim Maia canta: “não quero Coca-Cola, eu só quero chocolate...”, mas aí o páreo é duro, pois o chocolate também vicia e é outra grande paixão mundial. É difícil entender o sentido da letra de “come together” dos Beatles, mas lá tem um personagem que atira em garrafas de Coca-Cola.
As canções de protesto também mencionaram o famoso líquido escuro. Quem não se lembra de “geração Coca-cola” da Legião Urbana? E de “revoluções por minuto” do RPM que dizia: “agora a china bebe Coca-Cola/ e aqui na esquina cheiram cola...”? Na canção “movido a álcool”, Raul Seixas faz um protesto bem humorado contra a transformação do álcool em combustível, o que segundo ele, diminuiria o estoque de “cana” nos botecos. E em uma parte da letra ele diz: “veja o poeta inspirado em Coca-Cola,/que poesia mais estranha ele iria expressar!”. Na poesia eu não sei, mas nas letras de canções pop ela encaixou-se muito bem. E ainda tem a música “terra de gigantes”, dos Engenheiros do Havaí, que tem aquele famoso verso: “a juventude é uma banda/ numa propaganda de refrigerante”. E quem ousaria dizer que esse “refrigerante” que o Humberto Gessinger citou na letra não é Coca-Cola?



P.S. Não recebi um centavo da Coca-Cola pelo merchandising...

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

A Dança da Chuva


"que a chuva caia como uma luva,/um dilúvio, um delírio/
Que a chuva traga/alívio imediato"
Engenheiros do Havaí, em "alívio imediato"




Há alguns anos atrás, quando o tempo estava claro e firme, com dias de sol e noites estreladas, dizia-se que o tempo estava bom; quando o tempo estava nublado e com chuvas, o tempo estava ruim. Aí veio um período de estiagem prolongada, e começou a faltar água em muitas regiões, e para piorar ainda mais a situação, o nível dos reservatórios que abastecem as usinas hidrelétricas ficou muito baixo, fazendo-se necessário o racionamento de energia em vários estados. Desde então, os dias claros e de sol são "tempo bom", e os dias cinzentos e chuvosos... São tempo bom também. Daí faz sentido os versos dos Engenheiros, citados na introdução; e faz sentido também quando o Guilherme Arantes canta: "deixa chover/ ôôô deixa a chuva molhar...", ou quando o Jorge Benjor canta: "chove chuva/ chove sem parar...". E esse mesmo Benjor também cantou assim: "lá fora está chovendo/mais assim mesmo eu vou correndo/só pra ver o meu amor..." pois a chuva também inspira canções de amor... Ou de solidão, como a canção "me chama", do Lobão: "chove lá fora e aqui/faz tanto frio/me dá vontade de saber/onde está você/me telefona/me chama/me chama/ me chama...". É comum dizer que na ausência da pessoa amada, o sol não brilha. Por isso, nas canções de "dor de cotovelo", a chuva é muito associada às lágrimas. Na canção "crying in the rain" (chorando na chuva), gravada pelo grupo A-Ha, o personagem diz que vai ficar chorando na chuva, pois ele tem o seu orgulho, e não quer que a pessoa amada perceba que ele está chorando. E estando ele na chuva, sua amada não conseguirá distinguir o que é lágrima e o que é chuva. Esse artifício, aliás, já foi usado pelo Roberto Carlos na música "sentado à beira do caminho" : "...minhas lágrimas e os pingos desta chuva/se confundem no meu pranto",
E também na música "chuva fina no meu pára-brisa" : "...visibilidade distorcida/pela lágrima caída/pela dor da solidão". Sem falar na canção "lágrimas e chuva" do Kid Abelha, que não é propriamente uma canção de "dor de cotovelo" , mas molha tudo.
A verdade é que chuva é sinônimo de fartura. Até no mundo do rock. A região de Seattle, nos Estados Unidos, é famosa pela proliferação de bandas como Nirvana, Alice in Chains, Pearl Jam, Soundgarden, Ted, Mudhoney, Green River, Mother Love Bone, Temple of the Dog e etc.. E a explicação para essa fartura de bandas veio de um integrante do Mudhoney: "é que por aqui chove o tempo todo, então a galera fica sem Ter o que fazer e monta uma banda de rock e fica ensaiando na garagem".
Enfim, se chuva é sinônimo de fartura e de boas colheitas, a imagem que devemos guardar dela é a imagem de Gene Kelly com seu guarda-chuva dançando e cantando "singing in the rain" feliz da vida no filme "cantando na chuva". Se no período de seca, os índios norte-americanos fazem a dança da chuva pedindo para que os deuses reguem a terra, a dança de Gene Kelly, ao contrário, parece uma celebração, um agradecimento aos céus pelo bálsamo que ajuda a sustentar a vida no planeta Terra. Deixa chover que é bom!
Hit Parade "chuvoso":
"a voz da chuva" Barão Vermelho
"it's raining again" Supertramp
"rain" Madonna
"purple rain" Prince
"chorando no campo" Lobão
"have you ever seen the rain" e "who'll stop the rain" Credence Clearwater Revival
"temporal de amor" Leandro e Leonardo (Arrghhh!)