Wellcome

quarta-feira, 12 de março de 2008

Descanse em Paz


"O show deve continuar/por dentro meu coração se quebra/minha maquiagem pode estar dissolvendo/mas meu sorriso continua."

Queen em "the show must go on"



Todos os textos que eu escrevo aqui, eu o faço de maneira descontraída e bem humorada. Tento falar de música, que é uma coisa que eu adoro, usando o bom humor, afinal esse blog não é nada assim tão sério. Já falei de morte e suicídio aqui, mas sempre enfatizando alguma coisa positiva no final. Porém, hoje é diferente. Vou tentar homenagear um amigo que partiu precocemente no dia de hoje.


Robson era um "neguinho" alto e magricela. Muito magricela mesmo! Trabalhou comigo faz alguns anos. No começo era muito quieto, mas depois que se enturmou revelou-se um dos caras mais "zoeira" que eu conheci. Era muito brincalhão e amigo de todo mundo, mas gostava de "encarnar" ou "zoar" quem desse algum vacilo. Na época eu tinha uns 23 anos e ele devia ter seus 19. Ficamos muito amigos principalmente depois que descobrimos que gostávamos dos mesmos estilos de música. Compartilhamos muitas canções, e me lembro que ficávamos discutindo as músicas da Legião Urbana, tentando entender o sentido das letras de Renato Russo. Depois de algum tempo trabalhando no meu setor, ele começou a cursar biologia e foi estagiar no laboratório de análise microbiológica ainda na mesma empresa. Logo depois desistiu da faculdade e foi trabalhar com seu pai no ramo de construção civil, saindo assim da empresa que eu trabalho. Mas nossa amizade continuou, e ele foi o "padrinho" de meu filho, padrinho entre aspas porque o batizado nunca se realizou. Lembro-me que certa vez em seu aniversário, eu lhe dei uma fita cassete do Sepultura e ele se amarrou. Chegou a tocar na festa, mas aí chegaram uns colegas dele que gostavam de black music e cortou o barato. Mas, as bandas favoritas dele eram Engenheiros do Hawaii e Guns n' Roses. Ele adorava "alívio imediato", "exército de um homem só" e "muros e grades" dos Engenheiros e "paradise city", "wellcome to the jungle" e "november rain" do Guns. Muitas vezes trabalhamos cantando essas músicas juntos, fazendo do trabalho uma diversão. Mas conversávamos sobre coisas sérias também, inclusive contando ao outro sobre as "coisas do coração".


Ultimamente, devido as circunstâncias da vida, andávamos meio afastados. Mas senti muito quando foi-me dada a notícia de seu passamento. Ele começou a sentir dores de cabeça, foi hospitalizado e constatou-se a existência de um coágulo no cérebro, e infelizmente Robson não resistiu. Gostaria muito de homenageá-lo com pelo menos uma canção. Fazer uma "canção retorno para um amigo à morte" como Renato Russo fez para Cazuza. O mesmo Renato que em "love in the afternoon" escreveu: "é tão estranho/os bons morrem jovens/assim parece ser/quando me lembro de você/que acabou indo embora/cedo demais...". Mas não sou músico nem escritor. Por isso gostaria de deixar apenas o trecho de duas canções: O primeiro é de "death is not the end" (a morte não é o fim) de Bob Dylan:


"Pois a árvore da vida está crescendo

onde o espírito nunca morre

e a luz clara da salvação

no alto, em céus escuros e vazios

quando as cidades estiverem em chamas

com a queima da carne dos homens

apenas lembre-se que a morte não é o fim."


E o outro é de "vida passageira" do Ira:

"É quando teus amigos te surpreendem

deixando a vida de repente

e não se quer acreditar.

mas, essa vida é passageira

chorar eu sei que é besteira

mas, meu amigo, não dá pra segurar...

desculpe meu amigo, mas não dá pra segurar."



Descanse em paz, Robson.




terça-feira, 11 de março de 2008

Falta de Educação


“Agora você vai embora/e eu não sei o que fazer/ninguém me explicou na e“Agora você vai embora/e eu não sei o que fazer/ninguém me explicou na escola/ninguém vai me responder.”
Kid Abelha em “educação sentimental II”


Muitas bandas de rock nasceram no colégio. O U2, por exemplo, começou quando o baterista Lary Mullen Jr. Colocou um anúncio no quadro de avisos da escola procurando músicos para formar uma banda de rock. Os Engenheiros do Hawaii nasceram quando Gessinger, Licks e Maltz se conheceram na Faculdade de Arquitetura da UFRGS. O fato é que a molecada com gosto musical em comum e chateada com a monotonia das salas de aula, se junta e tenta seguir por outros caminhos menos didáticos... Às vezes dá certo.
“Mamãe, ta certo, eu me dei mal na escola/isso acontece, mês que vem eu melhoro.” Dizia Cazuza nos primeiros versos de “subproduto do rock”. Mas, segundo nos conta sua mãe Lucinha Araújo no livro “Só as mães são felizes”, o desempenho de Cazuza na escola não era tão ruim. O que contribuiu para ele abandonar os estudos em nome do rock and roll foi o seu temperamento rebelde e irrequieto. Renato Russo cantou sobre os “vinte anos na escola” na música “geração Coca-Cola”, mas confessou em “química”: “não saco nada de física/ literatura ou gramática/só gosto de educação sexual/e eu odeio química.”. E em “meninos e meninas” ele dizia que cantava em português errado. Mas isso não quer dizer que os roqueiros revoltados contra o ensino sejam burrões. Todo mundo sabe que tanto o Renato quanto o Cazuza eram muito inteligentes. O Lobão também é inteligente e autodidata. Ele não cursou nem o segundo grau completo, mas é um cara super articulado. E mesmo quando o pessoal do Ultraje a Rigor cantou “ a gente somos... a gente não sabemos” na letra de “inútil” o erro foi proposital já que era uma letra debochada como é próprio do Roger Moreira. E vale lembrar que muitos roqueiros são CDFs como os caras do Los Hermanos e do Bad Religion. O Sting era professor e o próprio Renato Russo deu aulas de inglês para sobreviver.
“Nós não precisamos de nenhuma educação/não precisamos de controle mental/nem de nenhum sarcasmo sombrio na sala de aula/hei, professores, deixem as crianças em paz...” dizia um trecho da letra de “another brick in the wall” do Pink Floyd. A letra de Roger (não o Moreira, e sim o Waters) era um protesto contra a escola excessivamente repressiva na Inglaterra. Tudo bem, mas é certo que não dá para os professores aliviarem muito diante de certos alunos rebeldes. Raul Seixas cantava “eu to pulando o muro com o Zezinho/no fundo do quintal da escola”. E dizem que a letra original era: “eu to queimando um fumo” em vez de “eu to pulando o muro”. De uma forma ou de outra, o comportamento descrito na canção é passível de pelo menos um bom puxão de orelhas.
No filme “mentes perigosas”, a professora vivida por Michele Pfeiffer utiliza letras de Bob Dylan no seu programa de aula, e com isso consegue fazer com que um grupo de alunos delinqüentes se interesse por poesia e literatura, acabando assim por domar o espírito rebelde de seus pupilos. Na verdade os métodos de ensino deveriam ser mais atraentes, fazendo com que os alunos sintam prazer em estar nas salas de aula, mas, na maioria dos casos, as aulas são monótonas e enfadonhas e só estimulam a “decoreba”. Na letra de “estudo errado”, Gabriel O Pensador, inteligente como ele só, faz uma síntese do sistema de ensino brasileiro (consulte a letra na íntegra no vagalume.com. vale a pena). Em seu livro “pais brilhantes, professores fascinantes” o psiquiatra e escritor Augusto Cury diz que o papel fundamental da escola é formar o ser humano, educando a parte emocional dos alunos para que eles se tornem pensadores e psicologicamente estruturados para encarar os problemas e desafios da vida. Assim, quando eles se depararem com um problema corriqueiro como o do trecho da música do Kid Abelha citado no início, eles não fiquem tão desesperados como a Paula Toller ficou na canção.


segunda-feira, 10 de março de 2008

Barba, Cabelo e Bigode


"Meu cabelo é verde, amarelo, violeta e transparente/minha caspa é de purpurina/minha barba é azul anil."

Mutantes em: "a hora e a vez do cabelo crescer"


Entre som e atitude, diversão e militância, messianismo e anarquia, o que manda mesmo no mundo do por-rock é o estilo. O Lobão tinha mesmo razão quando disse que "é tudo pose", e pra posar tem que ter estilo. A revista Super Interessante publicou em uma de suas recentes edições, uma matéria sarcástica com o título: "como fazer sucesso mesmo sem ter talento", e uma das dicas era justamente pra criar um estilo. "seja bonito, ou seja feio demais", dizia a matéria, "seja diferente". Pra começar, um bom penteado é importante, já que o cabelo é parte fundamental para se ter um visual estiloso. O pessoal da soul music, na década de 70, celebrizou os famosos cabelos "black power" como os de Sly and Family Stone, The Temptations, Earth, Wind and Fire e etc. Michael Jackson também tinha "cabelo duro, sarará crioulo" no início de carreira, mas depois de estranha metamorfose transformou-se em uma criatura pálida de cabelos lisos, a qual Madonna chamou de "space allien drag queen", algo como "bicha transformista alienígena".Por aqui Tim Maia e Sandra de Sá ajudaram a popularizar o "black power". A tribo reggaeira popularizou as famosas tranças rastafári; Já com a turma do rock, no princípio eram os topetes cheios de brilhantina como os de Litle Richards, Bill Halley, Elvis e o resto da turma. Depois vieram as franjinhas dos Beatles na fase "iê-iê-iê", os quais mais tarde, na fase hippie, adotaram vastas cabeleiras. Depois esse visual de cabelos longos foi adotado principalmente pelas bandas de hard rock e heavy metal. O que seria dos metaleiros sem suas cabeleiras para sacudirem acompanhando os pesados riffs de guitarra?

Na década de 70, portanto, reinaram os roqueiros cabeludos. Foi o estilo da época, e até o rei Roberto Carlos aparecia cabeludão na capa de seus LPs. Mas aí chegaram os punks com cabelos curtos e coloridos, ou cortados no estilo moicano, Porém, como toda regra tem exceção, os Ramones eram punks mas usavam cabelos longos. Existem também aqueles roqueiros que no início de carreira, quando ainda jovens, eram cabeludões, mas com o passar do tempo e o peso da idade se tornaram calvos como Joe Cocker, Phil Collins e Herbert Vianna. O Herbert até radicalizou e raspou os fiapos laterais que ainda sobravam e ficou com a cabeça lisinha. Certamente os cabelos marcaram o visual de muita gente no pop-rock, como os cabelos loiros e longos estilo "Barbie" de Rick Wakeman, tecladista do Yes, do guitarrista albino Jonny Winter, de Humberto Gessinger dos Engenheiros do Havaí e de Sebastian Bach do Skid Row; os cabelos "descabelados" da turma do The Cure e os cabelos coloridos de Pepeu Gomes e Baby Consuelo. Dentre as mulheres, já que falamos da Baby, ficaram famosos os cabelos espetados de Tina Turner, o penteado estilo "bolo de noiva" das meninas do B 52's, o loiro de Madonna copiando Marylin Monroe, o cabelo espalhafatoso da bizarra Nina Hagen e a falta de cabelo de Sinead O'connor.

No quesito barba, os barbudos mais famosos do rock são os caras do ZZ Top, até porque são as barbas mais longas já ostentadas por roqueiros. Ao responderem sobre o porque daquele visual, eles disseram: "nós passamos algum tempo no Havaí, e lá tem coisas muito mais interessantes pra fazer do que barbear-se, aí acabou que ficamos assim". Por aqui, Raul Seixas usava bigode e cavanhaque; Bi Ribeiro dos Paralamas deixou uma barba estilosa e Nando Reis anda por aí com sua barba avermelhada, mas os barbudos tupiniquins mais famosos são os caras do Los Hermanos. Só não se sabe por que, sendo os quatro integrantes barbudos, só o baterista Rodrigo tem o apelido de "barba". Em sua fase hippie, os Beatles, além dos cabelos compridos como já foi dito, adotaram também as barbas longas, com exceção de Ringo Star que ficou só no bigode. E é com os bigodes que fechamos a redação, com os bigodudos famosos do rock como o Frank Zappa, Renato Russo na época dos shows após o lançamento do álbum "as quatro estações", e o mais famoso de todos, o bigode do talentoso e performático Freddie Mercury. Estilo era com ele mesmo, e o bigodinho ajudou muito a compor a imagem de "gay machão", com aquela jaqueta de couro cheias de arrebites e quepe de policial, ou mesmo no clip de "I want to break free" quando ele se travestiu de dona-de-casa, com bobs nos cabelos e dando faxina na casa, o bigodinho também estava lá... o nosso Freddie era realmente o rei da pose.