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terça-feira, 11 de março de 2008

Falta de Educação


“Agora você vai embora/e eu não sei o que fazer/ninguém me explicou na e“Agora você vai embora/e eu não sei o que fazer/ninguém me explicou na escola/ninguém vai me responder.”
Kid Abelha em “educação sentimental II”


Muitas bandas de rock nasceram no colégio. O U2, por exemplo, começou quando o baterista Lary Mullen Jr. Colocou um anúncio no quadro de avisos da escola procurando músicos para formar uma banda de rock. Os Engenheiros do Hawaii nasceram quando Gessinger, Licks e Maltz se conheceram na Faculdade de Arquitetura da UFRGS. O fato é que a molecada com gosto musical em comum e chateada com a monotonia das salas de aula, se junta e tenta seguir por outros caminhos menos didáticos... Às vezes dá certo.
“Mamãe, ta certo, eu me dei mal na escola/isso acontece, mês que vem eu melhoro.” Dizia Cazuza nos primeiros versos de “subproduto do rock”. Mas, segundo nos conta sua mãe Lucinha Araújo no livro “Só as mães são felizes”, o desempenho de Cazuza na escola não era tão ruim. O que contribuiu para ele abandonar os estudos em nome do rock and roll foi o seu temperamento rebelde e irrequieto. Renato Russo cantou sobre os “vinte anos na escola” na música “geração Coca-Cola”, mas confessou em “química”: “não saco nada de física/ literatura ou gramática/só gosto de educação sexual/e eu odeio química.”. E em “meninos e meninas” ele dizia que cantava em português errado. Mas isso não quer dizer que os roqueiros revoltados contra o ensino sejam burrões. Todo mundo sabe que tanto o Renato quanto o Cazuza eram muito inteligentes. O Lobão também é inteligente e autodidata. Ele não cursou nem o segundo grau completo, mas é um cara super articulado. E mesmo quando o pessoal do Ultraje a Rigor cantou “ a gente somos... a gente não sabemos” na letra de “inútil” o erro foi proposital já que era uma letra debochada como é próprio do Roger Moreira. E vale lembrar que muitos roqueiros são CDFs como os caras do Los Hermanos e do Bad Religion. O Sting era professor e o próprio Renato Russo deu aulas de inglês para sobreviver.
“Nós não precisamos de nenhuma educação/não precisamos de controle mental/nem de nenhum sarcasmo sombrio na sala de aula/hei, professores, deixem as crianças em paz...” dizia um trecho da letra de “another brick in the wall” do Pink Floyd. A letra de Roger (não o Moreira, e sim o Waters) era um protesto contra a escola excessivamente repressiva na Inglaterra. Tudo bem, mas é certo que não dá para os professores aliviarem muito diante de certos alunos rebeldes. Raul Seixas cantava “eu to pulando o muro com o Zezinho/no fundo do quintal da escola”. E dizem que a letra original era: “eu to queimando um fumo” em vez de “eu to pulando o muro”. De uma forma ou de outra, o comportamento descrito na canção é passível de pelo menos um bom puxão de orelhas.
No filme “mentes perigosas”, a professora vivida por Michele Pfeiffer utiliza letras de Bob Dylan no seu programa de aula, e com isso consegue fazer com que um grupo de alunos delinqüentes se interesse por poesia e literatura, acabando assim por domar o espírito rebelde de seus pupilos. Na verdade os métodos de ensino deveriam ser mais atraentes, fazendo com que os alunos sintam prazer em estar nas salas de aula, mas, na maioria dos casos, as aulas são monótonas e enfadonhas e só estimulam a “decoreba”. Na letra de “estudo errado”, Gabriel O Pensador, inteligente como ele só, faz uma síntese do sistema de ensino brasileiro (consulte a letra na íntegra no vagalume.com. vale a pena). Em seu livro “pais brilhantes, professores fascinantes” o psiquiatra e escritor Augusto Cury diz que o papel fundamental da escola é formar o ser humano, educando a parte emocional dos alunos para que eles se tornem pensadores e psicologicamente estruturados para encarar os problemas e desafios da vida. Assim, quando eles se depararem com um problema corriqueiro como o do trecho da música do Kid Abelha citado no início, eles não fiquem tão desesperados como a Paula Toller ficou na canção.


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