Wellcome

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Se Eu Quiser Falar Com Deus


Quando Kurt Cobain morreu, foi para o céu (todos os roqueiros vão para o céu). Chegando lá ele encontrou os outros que haviam partido antes dele: lá estavam Elvis, Jonh Lennon, Jimmy Hendrix, Janis Joplin, Freddie Mercury e num canto, se olhando atentamente em um espelho, o Bono Vox. Aí o Kurt Cobain disse: “espera aí! O Bono ainda não morreu!” então o Jonh Lennon chegou no ouvido dele e disse: “aquele ali nâo é Bono Vox. Aquele é Deus. Ele só pensa que é o Bono Vox.” ........... RÁ, RÁ, RÁ, RÁ!
Piadas infames à parte, o que teriam a dizer os protagonistas de um ritmo tão maldito como o rock and roll sobre o todo poderoso? O próprio Jonh Lennon da piada escreveu uma canção intitulada “God”, cuja letra era uma espécie de credo apostólico às avessas e na qual Jonh relacionava uma série de coisas nas quais ele não acreditava (em Cristo, no Papa e etc.) ao que Bono Vox respondeu com outra canção intitulada “God part II” em que rebatia as “descrenças” de Mr. Lennon.

Mas Deus é “brasileiro”, e sendo assim os roqueiros brazucas são quem tem mais autonomia para falar sobre o tema. Os mesmos já se referiram a Deus de forma contestadora como Cazuza na música “cobaias de Deus”, ou Lobão na música “pobre Deus”; de forma debochada como o Camisa de Vênus: “Deus me dê grana”; de forma anárquica como os Titãs em “homem primata”: “eu aprendi/a vida é um jogo/cada um por si/ e Deus contra todos”. Raul Seixas, místico como era, sempre se referia à Deus ou ao demo em suas letras e Renato Russo, como não poderia deixar de ser, escreveu um verso ao mesmo tempo genial e contraditório na música “depois do começo”: “Deus...Deus/somos todos ateus” , ora, se você se dirige diretamente à Deus não pode ser ateu e se você é ateu não pode se dirigir à Deus de forma direta, mas tudo bem...gênio é gênio.

O Kid Abelha fez uma canção na década de 80 na qual pedia: “Deus, apareça na televisão” E NÃO É QUE ELE APARECEU!!! Calma que eu explico: é que nos anos 70, um inglês anônimo ao ouvir Eric Clapton não teve dúvidas e saiu pichando nos muros do reino unido: “ERIC CLAPTON É DEUS” e como você já sabe o homem, aliás, Deus teve sua imagem super exposta na MTV na década de 90, por conta do clip de “tears in Heaven”.

Bem... no mais, como eu disse no começo, dentro da piada, todos os roqueiros vão pro céu, pois todos eles são loucos (uns mais, outros menos) e está escrito que os loucos não errarão o caminho. E nós que os ouvimos, somos poucos,Mas também somos muito loucos. E no final, ainda tem os Mutantes na célebre “balada do louco”, na qual o maluco mais-que-beleza Arnaldo Baptista diz: “eu juro que é melhor/não ser um normal/se eu posso pensar que Deus... sou eu”. E quem vai dizer que ele não é?

Que Deus te abençoe.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

...E o Vento Levou


“A resposta, meu amigo, está soprando no vento.”

Bob Dylan em “blowin in the wind”


A canção cujo trecho foi citado na introdução, é considerada a mãe de todas as canções de protesto. Sua letra é toda construída com perguntas tipo: “por quantas estradas um homem tem que andar, antes que possa ser chamado homem?” ; “por quantas vezes as balas de canhão devem voar, até que sejam banidas para sempre?”; “quantos ouvidos o homem deve Ter para que consiga ouvir as pessoas chorando?” e “quantas mortes serão necessárias para que o homem saiba que já se matou demais?”. E a resposta , Mr. Dylan deixou a cargo da consciência de cada um. Aliás, a banda Los Hermanos em seu último álbum, nos deu uma belíssima canção com o título “o vento”, e nela também existe uma expectativa de resposta eólica: “o vento vai dizer lento que virá....”. mas que reposta o vento nos trará?

A banda alemã Scorpions, fez muito sucesso com a música "winds of change" (vento de mudanças) por ocasião da Perestróika, a abertura política iniciada por Mikhail Gorbachev nos anos noventa. "atentem para os ventos de mudanças" dizia a canção, mas, o que ele dizia na verdade? que mudanças ele traria?

Na canção “eternas ondas” de Zé Ramalho, e que foi eternizada por Fagner, tem um lindo verso que diz: “se esse seu amigo vento não lhe procurar/ é porque multidões ele foi arrastar.” E enquanto o nosso amigo vento arrasta multidões, também inspira canções como “vento no litoral” da Legião Urbana, na qual Renato Russo canta: “de tarde quero descansar/ chegar até a praia e ver/ se o vento ainda está forte/ e vai ser bom subir nas pedras/ sei que faço isso pra esquecer/ eu deixo a onda me acertar/ e o vento vai levando tudo embora...” . É uma canção bem melancólica, bem dor-de-cotovelo, mas muito bonita, como quase todas da Legião. Mas, e a resposta?


Uma das mais belas canções sobre o vento, é de um grupo que sempre foi execrado pela crítica especializada, o Biquíni Cavadão. A canção “vento ventania” tem versos lindos como: “quero juntar-me a você/ e carregar os balões pro mar/ quero enrolar as pipas nos fios...” e “quero mover as pás dos moinhos/ e abrandar o calor do sol/ quero emaranhar os cabelos da menina/ mandar meus beijos pelo ar...” só pra citar alguns, já que a letra toda é uma bela poesia. Mas... e a resposta?

Bem, eu acho que a resposta já nos foi dada, e por uma banda que também foi muito criticada, e cuja única canção de sucesso é justamente essa, a da resposta. O nome da banda é Kansas, e a resposta foi uma paulada no nosso orgulho através da canção “dust in the wind”: “poeira no vento... tudo o que somos é poeira no vento” . Doeu, não?