Wellcome

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

O Reino de Morfeu


"O sono é bom.
Pois que acordamos dele
Para saber que é bom.
Se a morte for um sono,
Acordaremos dela.
Se não, não é sono."
Fernando Pessoa
O Sono
Na música "enter sandman" (entra o mestre dos sonhos), um rock pesado, com letra falando sobre pesadelos, monstros dentro do armário, debaixo da cama e etc., a banda Metállica encaixou aquela famosa oração que os pais ensinam as crianças recitarem antes de dormir: "agora me deito para dormir/ peço ao senhor pra minha alma guardar/ se eu morrer antes de acordar/ peço ao senhor pra minha alma levar". Esse sim, foi o verdadeiro "rock and roll lullaby", e não aquela baba que o B.J. Thomas cantava com esse mesmo título, e que foi sucesso na década de 70. "lullaby", é como se chamam as canções de ninar em inglês, e a banda The Cure também fez uma bela canção com esse nome.
Com canção de ninar ou não, todos concordam que tirar aquela soneca é realmente muito bom. Aquela famosa "sesta" depois do almoço, quando bate aquela "lombeira" então nem se fala! Mas o bom mesmo é dormir sem aquele chato do despertador por perto. Sem essa de acordar cedo! O negócio é fazer como o Renato Russo na canção "o mundo anda tão complicado" a qual tem um verso que diz: "hoje eu acordo ao meio dia/ amanhã é a sua vez". Renato Russo, aliás, parece que gostava de velar o sono da pessoa amada, pois nessa mesma canção, logo no início ele diz: "gosto de ver você dormir/ que nem criança com a boca aberta", e em outra canção chamada “antes das seis” ele canta assim: "daqui vejo seu descanso/ perto do seu travesseiro/ depois quero ver se acerto/ dos dois quem acorda primeiro". A Paula Toller também tinha essa mania, pois ela canta "ver você dormir/ me corta o coração" no início da impagável canção "deixa eu ser seu espião". Mas, a música na verdade era sobre ciúme, e a personagem doentia, tinha ciúmes até dos sonhos da pessoa amada.
Na canção MLK, do U2, Bono Vox canta assim: "durma... durma esta noite/ e que seus sonhos se realizem...". Ali, ele estava falando do sono eterno, o sono da morte, pois a canção era uma homenagem a Martin Luther King,
que morreu no ano de 1968, no meio de sua luta pelos direitos civis, em que ficou marcado seu famoso discurso "I have a dream" (eu tenho um sonho). Mas, como disse o poema do Fernando Pessoa que foi citado na introdução do texto, se a morte for um sono, acordaremos dela. Enquanto isso nada melhor do que tirar uma soneca daquelas. Só não pode é dormir no ponto como fez o baterista Pete Best, que faltou aos ensaios dos Beatles e acabou perdendo o posto para o Ringo Star, deixando assim, de fazer parte da maior banda de Rock de todos os tempos... é Pete Best, durma-se com um barulho desses! Aliás, Lennon e McCarteney escreveram um belo hino ao sono, a canção "I'm only sleeping", que tem versos como: "por favor não me acorde/não me balance/deixe-me onde estou/eu só estou dormindo..." e "parece que todo mundo me acha preguiçoso/eu não ligo, eles são loucos..." e no final, "por favor, não me estrague o dia/eu estou a milhas distante/e, afinal de contas/eu estou apenas dormindo." Lennon já dormiu o sono eterno, e se a morte for apenas um sono, ele vai acordar. McCarteney continua vivo, e é dono de uma das maiores fortunas da Inglaterra. Segundo o livro de provérbios, na Bíblia Sagrada, "doce é o sono do trabalhador, quer ele coma pouco ou muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir". Paul, a essas alturas, não está conseguindo dormir em paz...

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