Wellcome

sexta-feira, 15 de junho de 2007

A Idéia


"solos de guitarra não vão me conquistar"
Paula Toller em "como eu quero"



A idéia
O que é a idéia? Idéia é aquele estalo, aquele momento em que o gênio é atingido por um raio dos deuses, e então, iluminado ele dá a luz à um projeto ou uma obra. E luz é o termo certo. Não é à toa que nos gibis e desenhos animados a idéia é representada por uma lâmpada acesa. Representatividade maior não poderia haver já que o inventor da lâmpada elétrica é o homem das mil patentes, o grande inventor Thomas Edison. Mas eis que no Museu Nacional da História Americana, ao lado da lâmpada de Edison e do telefone de Graham Bell, um outro invento toma seu lugar de destaque: Tchã... tchã... tchã... tchã... a guitarra elétrica.
Coube a Leo Fender, um obscuro consertador de rádios, no ano de 1948, dar á luz àquilo que seria a matéria prima do rock and roll. O fetiche já estava pronto. E durante toda a história do rock, a guitarra foi como que reinventada diversas vezes por seus ases mais criativos, como o guitarrista de blues Elmore James, que inventou a técnica da “slide guitar” , na qual o guitarrista toca deslizando um dedal de metal sobre as cordas do instrumento, ou Jimmy Page, do Led Zeppelin, que inovou ao tocar sua guitarra com um arco de violino; teve também o Eddie Van Halen que tocava usando uma furadeira elétrica!!!!
Mas aquele que é apontado por nove entre dez especialistas como o maior guitarrista de todos os tempos, Jimmy Hendrix, tanto reinventou a guitarra, tocando com os dentes, imitando ruídos de aviões e de bombas explodindo, como também destruiu (literalmente) várias vezes o invento de Leo Fender ao final de seus shows, muitas das vezes ateando fogo ao seu instrumento como que num ritual, sacrificando sua guitarra numa oferenda aos deuses das idéias.
E para finalizar, eu deixo para você um soneto de Augusto dos Anjos, a quem o poeta Geraldinho Carneiro se referiu como “o poeta heavy metal”. O título do soneto é “a idéia” como não poderia deixar de ser, e é mais ou menos o que acontece comigo.

A idéia
De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites de uma gruta?!

Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!

Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas da laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica...

Quebra a força centrípeta que a amarra
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No molambo da língua paralítica!



Genial! Não?

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